Atualizado em: 22 de março de 2022

Sandra Radin escreve sobre o universo feminino e fala sobre o sexo na maturidade das mulheres

Por: Mirtes Wiermann

A escritora Sandra Radin escreve sobre o universo feminino. Aos 68 anos de idade, ela está colocando holofotes sobre o sexo na maturidade feminina.

Sandra escreveu um livro de contos eróticos para mulheres maduras, pela Editora Metamorfose. A produção está na fase de criação da capa.

Mas, no final desse mês, um conto novinho da Sandra estará na plataforma Amazon, o “Código de Acesso 1 2 3”, primeiro da série “Eu dona de Mim”, que a plataforma vai publicar.

Sandra foi pedagoga na Universidade Federal de Santa Maria e se aposentou na Universidade Federal de Sergipe, em Aracaju.

Livro A velha sábia e eu de Sandra RadimA literatura sempre foi uma paixão.  Publicou vários livros e participa de coletâneas de textos. Um deles é “A velha sábia e eu: atmosfera feminina”, um livro de ficção inspirado na realidade onde o arquétipo da Velha Sábia dialoga com a narradora em uma troca de aprendizado e, em rodas de cura com mulheres, trata das dores do corpo e da alma feminina.

Conversamos com a Sandra Radin sobre as histórias que está escrevendo sobre o sexo na maturidade feminina.

Escritora Sandra Radin com livros

O que a levou a escrever sobre sexo na maturidade?

Pretendo, através da minha narrativa, levar aos homens que estão ou passaram pela andropausa e, às mulheres, vivendo ou não a menopausa, outras possibilidades de afeto, outras alternativas para se reinventarem na busca do prazer recíproco quando a virilidade e a tesão começar a abandoná-los.

Dedico especial atenção à mulher que até pouco tempo não podia se permitir sentir prazer, apenas dar prazer para seu macho e procriar… Esse, na maioria das vezes, a via apenas como mãe de seus filhos e, por outras, como depósito de espermatozoides. Quero seguir explorando esse lamaçal e trazendo luz para as mulheres que permanecem no escuro sombrio e triste de suas vidas.

Desde Freud as mulheres são vistas como aquela que lhe falta algo: o pênis. Talvez cresça ou não. Talvez baseado nessa ausência/ deficiência, a mulher foi locada num lugar subjugado ao homem.

Aprendemos que depois da menopausa deixamos de existir como mulher e amante. Essa dá lugar à tia, e quiça à avó, que será cedo ou tarde jogada numa prateleira com o carimbo de VENCIDO.

Somos infinitamente maiores que esse discurso e ao lugar que o patriarcado nos colocou. Aos poucos vamos nos erguendo, dando voz aos nossos desejos. Gritamos pela nossa permanência na vida. Não morremos.

Contrariando esse machismo histórico, as mulheres maduras experimentam sim o desejo e o gozo, acompanhadas ou não.

Vemos no dia a dia homens também maduros desfilarem ostentando jovens mulheres de bundas e peitos salientes como se fossem um troféu. Se a mulher desfilar com um homem mais jovem ela é julgada e criticada.

Acredito que é preciso dar um basta a isso tudo e, para tanto, nada como dar voz às  histórias dessas mulheres através da literatura. Esse é o legado que se pode deixar para as mulheres que virão depois de mim.

É uma jornada para a mulher com mais de 40,50 ou 60 dona de si e de seu corpo, vislumbrando a sexualidade e a sensualidade do feminino maduro. Quero refutar e derrubar os conceito arcaicos de moralidade no que tange a mulher desnudando o erótico que permeia suas relações sexuais.

Esse é o meu propósito, meu lugar de fala. Sou mulher. Sou madura. Tenho 68 anos.

Quais os desafios de escrever sobre um tabu, a sexualidade da mulher madura?

Vou saber disso quando publicar.  Não tive problema com minha editora, tampouco com meus leitores betas que consideraram a ideia excelente, até porque o que temos no mercado hoje são contos onde a protagonista é uma jovem, corpo escultural e linda. Se tiver algum conto com mulheres maduras são pouquíssimos. Eu mesma desconheço.

Sou uma pessoa que enfrento desafios sem o menor problema. Não vou me intimidar com críticas pois sei que estarei contribuindo com as mulheres que vivem ou já passaram pela menopausa.

Sempre digo que fui esculpida por vários fragmentos de mim mesma e isso me deu uma resistência e resiliência para enfrentar os combates que a vida nos apresenta.

Já tive que lidar com três tipos de câncer. O último, bastante agressivo e com poucas chances de vencer. Eu venci. Sempre acreditei que eu era maior que a doença. Aqui estou.

A partir daí entendi que tenho que usar o meu lugar de fala para dar voz a todas as mulheres que de uma forma ou outra foram ou se encontram silenciadas pelos esteriótipos e rótulos impostos socialmente. Precisamos derrubar esses tabus e muros que aprisionam a mulher.

Você é educadora, estudiosa da Psicologia Analítica e da Mitologia Grega, autora de ficção. Quem falou mais alto na hora de escrever esses contos?

Foi a mulher Sandra somada a todas as Sandras que me compõem: a criança, a adolescente, a jovem, a adulta e hoje, a velha.

 Foi também a escritora se apropriando de seu lugar de fala e de sua responsabilidade com o coletivo feminino. Foi minha ancestralidade de mulheres fortes, destemidas e à frente de seu tempo.

Foi também a escuta das dores de outras mulheres que se viram esquecidas por maridos e amantes quando começaram a envelhecer.

Enfim, foi um somatório de vozes que gritaram mais alto dentro de mim para que eu o fizesse.

As mulheres estão despertando para uma maturidade empoderada. A literatura erótica ajuda na questão da sexualidade?

Com certeza. Não tenho a menor dúvida.  A literatura erótica adequada para as questões do feminino maduro poderá ir ao encontro das angústias e incertezas da mulher que está no climatério, menopausa e com o kit que vem junto nesse momento, sejam perda de lubrificação, baixa libido, baixa autoestima. Enfim, o que pretendo é que ela possa avançar segura tecendo seus sonhos enquanto assim o desejar.

Como você se reinventou na maturidade?

Embora capricorniana, organizada e com planejamento de tudo tenho me reinventado, me revisitando e tenho me permitido desde que senti a morte de perto, viver o instante presente.

Não faço planos, mas me jogo por inteiro naquilo que acredito e sinto prazer em fazer, seja na vida ou na escrita.

Estou amando escrever erótico. É um grande desafio, uma aprendizagem.

Quais são os seus planos agora?

Meus planos? Deixar a vida acontecer. Faço da música “Deixa a Vida me Levar”, de Zeca Pagodinho, meu hino:

“Eu já passei

Por quase tudo nessa vida

Deixa a vida me levar

Vida leva eu..”

Uma viagem e um novo livro

Sandra gosta de desafios. Escrever sobre o sexo na maturidade não foi o único. Em breve, ela vai fazer uma viagem e recebeu o conselho de uma amiga para aproveitar os lugares que irá visitar e escrever crônicas eróticas. O título seria: “Crônicas Eróticas de Viagem: viajando e transando.”

A resposta da Sandra: “Talvez eu aceite a provocação e escreva.”

Imagem de topo:

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