Atualizado em: 10 de agosto de 2020

Há 60 anos, a pílula anticoncepcional começava a chegar às farmácias. E, se tornou um marco para as mudanças culturais que já estavam em andamento e transformaram as gerações seguintes.

A pílula anticoncepcional foi um avanço na história do mundo ocidental. Nos efervescentes anos 60, ela foi uma das protagonistas dos movimentos que revolucionaram comportamentos e permitiram à mulher começar a ocupar seu lugar na sociedade.

Com a pílula, o sexo deixou de ser apenas para procriação. E a mulher assumia o controle do próprio corpo.

Para o médico Luiz Alberto Ferriani, Vice Presidente da SOGESP (Sociedade de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo) e Diretor Clínico da Maternidade Sinhá Junqueira, a pílula foi uma conquista da sociedade.

Dr. Luiz Alberto Ferriani: Ä pílula anticoncepcional foi um avanço”.

“A pilula anticoncepcional, lançada mundialmente em 1960, representou uma elevação do status da mulher, tornando a reprodução uma opção e não uma expressão de uma lei biológica. Possibilitou à mulher forjar uma carreira em torno da maternidade e também separar de uma maneira definitiva o significado de maternidade, sexualidade e feminilidade”.

A pílula chega às farmácias em agosto de 1960

A primeira pílula anticoncepcional foi o Enovid-10. Ela foi aprovada pela agência norte-americana, Food and Drug Administration, em maio de 1960. No dia 18 de agosto, a pílula chegava às farmácias. Foi recebida com muitas restrições em vários países.

No Brasil, a pílula foi lançada somente em 1962 e com muitas resistências

Não foi um início fácil. Os costumes patriarcais da época não permitiam que a mulher tomasse suas próprias decisões. Para se ter uma ideia, a pílula era vendida somente para mulheres casadas, e com autorização do marido.

A historiadora Maíra Rosin, pesquisadora na Universidade de São Paulo (USP), disse ao site de notícias DW que o advento da pílula no Brasil também teve que enfrentar pontos de vista conflitantes do governo ditatorial a partir de 1964.

Para a psicóloga Lucia Nabão, a pílula abriu muitas portas para as mulheres.  

Psicóloga Lucia Nabão: “A pílula ajudou para empoderar a mulher”.

“Socialmente, vivemos há muitas décadas modelos autocratas como os sistemas de patriarcado, o machismo e outros. Esses sistemas negam os direitos das partes submetidas. Quando as mulheres, a partir do uso do anticoncepcional, têm mais liberdade e autonomia, elas também se empoderam para encontrar sua expressão profissional e inclusive ascender neste caminho”.

A pílula e a menopausa

No processo da menopausa, a menstruação pode ser irregular já a partir dos 45 anos de idade. Até o final do processo, cerca de um ano após a última menstruação, verificado pelo médico, a mulher pode estar ovulando.

O risco de gravidez existe, sim, explica o Dr. Ferriani:

“A mulher no período de pré menopausa deve também preocupar-se com o risco de uma gravidez que pode ocorrer nessa fase. Sendo assim, deve fazer uso de métodos anticoncepcionais orais, que também já podem contribuir para uma reposição hormonal, às vezes necessária . Não é contra indicado a mulher fazer uso da pílula nesse período da vida.”

A evolução da pílula

Os anticoncepcionais evoluíram muito nesses 60 anos. Sua versão atual é muito mais segura, explica o médico.

“Desde as primeiras pílulas anticoncepcionais a formulação é estrógenos e gestágenos. O grande avanço foi a diminuição das doses desses esteróides, principalmente dos gestágenos. Esses gestágenos também evoluíram em algumas formas diferentes, sempre visando a diminuição dos efeitos colaterais. Nas últimas décadas surgiram pílulas apenas com gestagênios, de uso contínuo, sem pausa, e que levam a amenorréia. O uso contínuo da pílula somente com gestágeno é uma tendência hoje para aquela mulher que não quer menstruar”, explica o Dr. Ferriani.

A pílula e a mulher

O primeiro contraceptivo feminino é um dos marcos nas transformações culturais naqueles primeiros anos da década de 60. O rock ganhava força, a mulher ensaiava uma maior participação no mercado de trabalho, a minissaia ganhava as ruas substituindo a moda estruturada da época.

A roupa estruturada……
…cedeu lugar à minissaia refletindo as mudanças culturais que aconteciam na década de 60.

A pílula representou uma mudança de consciência da mulher sobre si mesma. A psicóloga Lucia Nabão avalia que uma das principais contribuições foi a possibilidade de a mulher escolher se queria filhos e em que momento de sua vida.

“Fico pensando na gestação, no desejo de termos ou não um bebê e no impacto de nossa disponibilidade ou indisponibilidade para sermos mães. Os seres humanos precisam de muito cuidado, amor, paciência, respeito, não é? Como podemos trazer um ser humano ao mundo sem essa disponibilidade? Não vejo funcionalidade em romantizar termos um filho ou filha, talvez o mais importante é saber, verdadeiramente, se queremos ter um ou uma. A pílula nos apoia nisso.”

“Considero a pílula anticoncepcional como um dos maiores avanços da medicina e da farmacologia na era moderna”.

Luiz Alberto Ferriani, médico.

“Penso que a pílula foi um avanço. Ela também contribuiu para experimentarmos algo além do sexo só para procriação, pudemos significar o sexo também para vivermos entrega e prazer”.

Lucia Nabão, psicóloga.

O que a pílula ainda não mudou

Os anticoncepcionais foram uma conquista, todos concordam. O que está faltando ainda? A psicóloga Lucia Nabão, mãe de duas filhas, responde:

“Acho que seria útil para nós, experimentarmos mais liberdade em outras áreas da vida. Por exemplo, hoje temos a mídia ditando regras rígidas de corpo, quase sempre nos deixamos escravizar em modelos autoritários de magreza ou de certos padrões de beleza. O quão submetidas a esses modelos estamos? Fico preocupada, pois vivemos uma sociedade aparentemente mais liberal e aberta e ao mesmo tempo estamos tão presas a esses padrões”.

O caminho da mulher ainda vai longe… As novas gerações têm tantas questões femininas para superar! O que você, que viveu essa história da pílula, pode contar para as meninas de hoje? Fale prá gente também, nos comentários.

Foto de capa: Atelier Perolla

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