Atualizado em: 6 de setembro de 2022

Empresa criada por mulheres revela dados sobre os sintomas emocionais da menopausa e constata que falta muita informação para as mulheres

“Espero que a minha menopausa seja diferente do que a que minha mãe viveu”, diz a psicanalista Márcia Cunha. Junto com a advogada Carla Moussalli, ela fundou a Plenapausa, femtech brasileira que promove informação e acolhimento para mulheres durante a menopausa. “Minha mãe não teve informação, ela não tratou e hoje reconheço que foi um tanto quanto solitária”, diz Márcia.

Os mesmos problemas encontrados por uma pesquisa da Plenapausa que entrevistou 3.500 mulheres brasileiras, do período do climatério até o pós menopausa. A pesquisa mostrou ainda que 82% das entrevistadas relataram sintomas emocionais da menopausa, como depressão e ansiedade.

“São dados alarmantes, resultado de uma falta de informação e diálogo sobre a menopausa. Ao longo dessa trajetória falando de menopausa, percebemos que a solidão afeta muito as mulheres nesta fase, além do sentimento de não se sentir mais produtiva, muitas vezes com receio ou vergonha da idade. Esse mix de sentimentos que, muitas vezes, não são compartilhados, deixam as mulheres ansiosas e apreensivas, não se sentindo bem com elas mesmas. A boa notícia é que são questões que podem ser tratadas, a partir do diálogo, da informação e com uma rede de apoio”, explica Márcia.

Nós conversamos com a psicanalista Márcia Cunha e com a ginecologista Natacha Machado para saber mais sobre essa fase tão significativa na vida das mulheres.  

Elas dão muitas dicas e vale a pena acompanhar.

DEPRESSÃO E ANSIEDADE SÃO SINTOMAS EMOCIONAIS DA MENOPAUSA

Márcia Cunha fala dos sintomas emocionais da menopausa
Márcia Cunha fala dos sintomas emocionais da menopausa

A psicanalista Márcia Cunha explica os sintomas emocionais da menopausa: “Não é uma regra para todas as mulheres e a intensidade de cada sintoma pode variar de mulher para mulher. Os sintomas emocionais mais comuns que a nossa pesquisa mapeou foram:

  • depressão/ ansiedade (82%),
  • alterações de humor (88%)
  • e a sensação de estar menos produtiva, principalmente no trabalho (43%).”

Como aliviar os sintomas

Márcia Cunha explica o que fazer para aliviar sintomas físicos e emocionais da menopausa:

AUTOCONHECIMENTO – Existem algumas formas de aliviar os sintomas e ter mais qualidade de vida e bem-estar nesta fase. O primeiro passo, eu diria que é buscar o autoconhecimento, entendendo os sintomas e onde estes sinais estão te afetando, para então procurar a melhor solução, junto com um médico.

AUTOCUIDADO – O segundo passo é o autocuidado, tratar os sintomas com a estratégia mais adequada, com medicamentos ou fitoterápicos indicados por um especialista, praticar atividades físicas que proporcionem mais saúde e qualidade de vida.

CONVERSAR SOBRE A MENOPAUSA – O terceiro e último passo, eu diria que é conversar sobre a menopausa. Falar com a família ou com as amigas, pois ter uma rede de apoio durante esta fase é muito importante. Acredito que a junção dessas estratégias é a melhor maneira de cuidar dos sintomas, físicos e emocionais.

Sintomas emocionais da menopausa: a importância de buscar informações

“Acredito que a informação é a base de tudo. Durante nossas pesquisas iniciais ficou muito claro que a desinformação sobre esta fase é enorme, mais de 60% das mulheres não sabem identificar que os sintomas que estão sentindo se trata de indícios da menopausa. 

Quando a mulher está bem informada, ela consegue buscar a melhor solução para os seus sintomas, tendo mais qualidade de vida nesta fase. 

A informação também ajuda as mulheres a compreenderem que a menopausa é uma fase natural e inevitável da vida, como tantas outras que passamos. A partir deste entendimento, a jornada dela fica mais leve e saudável fisicamente e mentalmente”, diz a psicanalista.

Fentech criou comunidade de mulheres

A PlenaPausa é um site que oferece serviços de orientação e produtos para a menopausa. A psicanalista Márcia avalia que o resultado é positivo após um ano de sua criação.

“Além do resultado em vendas dos fitoterápicos, tivemos um aumento no número de mulheres participando dos nossos encontros online para falar sobre menopausa, trocar experiências e tirar dúvidas. Isso mostra que as mulheres estão buscando mais informação sobre o tema e procurando se cuidar nesta fase ou já se preparando para chegar lá, o que é muito importante para nós da Plenapausa. Queremos acompanhar e sermos referência para esta mulher durante os 10, 15 anos que dura o climatério.”

CLIMATÉRIO E MENOPAUSA

ginecologista explica sintomas da menopausa
Médica Natacha Machado explica sintomas e tratamentos da menopausa.

Na conversa com a ginecologista Natacha Machado, ela explica tudo sobre climatério e menopausa, sintomas e tratamentos.

O que é a menopausa e o climatério?

O climatério é o período que antecede a menopausa, que pode durar até oito anos. Neste período, a mulher já passa por diversas mudanças fisiológicas que acarretam em alguns sintomas físicos e emocionais. Já a menopausa é ausência da menstruação por um ano.

No climatério, que geralmente inicia dos 44 aos 54 anos, vem os primeiros sinais associados à menopausa, como os fogachos, calorões e o suor noturno. A menstruação também fica irregular, onde a mulher tem o ciclo normal em um mês, seguido de vários sem menstruar, até que cesse completamente. Neste período, as mulheres também tendem a sofrer alterações no sono e mudanças de humor.

Também acontecem diversos sintomas físicos e emocionais. Os principais identificados pelas avaliações da Plenapausa são:

  • Ansiedade/depressão
  • Alterações de humor e sono
  • Cansaço
  • Perda da libido

Outros fatores externos também podem ser percebidos, como o ressecamento da pele e dos cabelos.

Quais os sintomas da menopausa e climatério?

Os sintomas são os mesmos e a intensidade pode variar de mulher para mulher. Apenas a questão menstrual difere os dois períodos. Durante o climatério a mulher ainda tem alguns meses de menstruação irregular e, a menopausa, é o momento que o ciclo dela cessa.

Os sintomas continuam na pós menopausa?

Sim, os sintomas continuam na pós menopausa, geralmente mais intensos nos primeiros cinco anos e com uma tendência a diminuir em seguida. Mas, algumas mulheres, referem a manutenção dos sintomas até vinte anos após a menopausa.

Quais os tratamentos para a menopausa?

Existe a terapia hormonal, que pode ser feita com dois tipos de hormônios: os bioidênticos, que são mais naturais e manipulados em doses individualizadas e os sintéticos, comprados em farmácias em dose comercial padrão. 

Caso a mulher não possa ou não queira seguir nesta linha de tratamento, o uso de fitoterápicos também é uma opção para o alívio dos sintomas.

Independentemente da escolha, o tratamento deve ser prescrito e acompanhado por um médico.

Além disso, é fundamental priorizar a qualidade de vida, com atividade física diária, incluindo exercícios de fortalecimento muscular e alimentação equilibrada e saudável.

Quais fitoterápicos são indicados?

Com base nos fitoterápicos da Plenapausa, podemos indicar os ativos:

  • Maca peruana e mana cubiu, para melhorar a energia e disposição
  • Gérmen de soja, amora miura e inositol, para os sintomas mais comuns da menopausa, como os fogachos e suores noturnos
  • L-triptofano e magnésio para melhora da ansiedade, humor e bem-estar.

A Terapia de Reposição Hormonal gerou controvérsias no passado. Como é hoje?

A reposição hormonal sempre foi um assunto debatido e, um estudo feito na década de 80, gerou muitas controvérsias onde ele associou o uso da reposição hormonal ao risco de trombose, doenças cardiovasculares e ao câncer.

No entanto, estudos após essa data, observaram que, os hormônios utilizados dentro da janela de oportunidade, que é conhecido como os primeiros dez anos do início da menopausa em mulheres aptas a usar hormônios, contribui com a melhora clínica da paciente e, também, evita um desfecho negativo com relação ao risco cardiovascular. Ou seja, protege de infarto, AVC, de risco tromboembólico e contra o câncer de intestino. Mas não é um método disponível a livre acesso, independente de uma avaliação.

Então, o que todos esses trabalhos mostraram é que, mais importante do que usar ou não usar, é ter a indicação e um acompanhamento médico adequado para cada paciente. É o que chamamos de individualização do paciente, tanto com a indicação, como com a dose e continuação do tratamento.

Qual a transição mais importante na vida da mulher, a puberdade ou menopausa?

Ótima pergunta! Na minha visão, a menopausa é exatamente o reverso da puberdade.

A mulher passa por sintomas muito parecidos, desde a menstruação irregular, tanto de fluxo quanto de período, variações de humor, mudanças físicas, inseguranças, novas descobertas, isso acontece de fato lá na adolescência e acontece de novo na menopausa.

A diferença entre os dois períodos é que, na menopausa, nós temos ou deveríamos ter, mais acesso a informação, mais recursos e maior entendimento sobre o funcionamento do próprio corpo. Mas, sem dúvidas, é uma fase espelho da adolescência.

O que você espera da menopausa quando chegar lá?

Eu já cheguei na menopausa, já faço parte desse time. Acredito que, quando a gente passa por todas essas mudanças, a nossa empatia e entendimento, acaba sendo maior.

Eu sou a prova viva de que as mudanças interferem muito na qualidade de vida! É uma fase normal, mas que desgasta muito, mas nós podemos resgatar essa qualidade de vida com o tratamento correto.

Não é normal viver com indisposição, cansaço, piora na vida sexual, sono ruim, piora nos parâmetros laboratoriais. O envelhecimento não é isso, é uma progressão saudável nos nossos anos, então sem dúvidas, o tratamento dos sintomas precisa acontecer e a gente precisa, cada vez mais, de informação.

A menopausa é um fenômeno natural, vai atingir a todas as mulheres, sem exceção, o que vai mudar é a intensidade em cada uma delas, por isso nós reforçamos que o tratamento é necessário, mas o comprometimento da paciente com a saúde também é. Então cuidar da alimentação, praticar exercícios, se hidratar e ter uma boa noite de sono, é a parte que cada uma precisa fazer para ajustar a saúde individualmente.

Imagem de topo: Averie Woodard/Unsplash

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