A atrofia vaginal afeta principalmente as mulheres na pós-menopausa e é pouco discutida; médica defende a urgência de mais atenção
Na menopausa, as mulheres convivem com vários tipos de problemas causados pela diminuição de hormônios, como o estrogênio. A atrofia vaginal é um deles, e também vem acompanhado de vergonha e desinformação.
Muitas mulheres sentem-se envergonhadas de discutir os sintomas com o seu médico e podem resignar-se a viver com eles.
A atrofia vaginal (vaginite atrófica) é o afinamento, ressecamento e inflamação das paredes vaginais que pode ocorrer quando o corpo tem menos estrogênio e é mais frequente após a menopausa. Também conhecida como secura vaginal, o problema é bastante comum.
Para muitas mulheres, a atrofia vaginal torna a relação sexual dolorosa e também causa sintomas urinários angustiantes, uma condição que os médicos podem denominar de “síndrome geniturinária da menopausa”.
SINTOMAS DA SÍNDROME GENITURINÁRIA DA MENOPAUSA
Aqui estão alguns dos sinais e sintomas da síndrome geniturinária na menopausa (GSM):
- Secura vaginal
- Queimação vaginal
- Corrimento vaginal
- Coceira genital
- Sensação de queimação ao urinar
- Urgência para urinar
- Precisa urinar com frequência
- Infecções recorrentes do trato urinário
- Incontinência urinária
- Sangramento leve após relação sexual
- Desconforto durante a relação sexual
- Menos lubrificação vaginal durante a atividade sexual
- Estreitamento e encurtamento do canal vaginal
ATIVIDADE SEXUAL É IMPORTANTE
A atividade sexual regular, com ou sem parceiro, pode ajudar a manter os tecidos vaginais saudáveis e pode prevenir a síndrome geniturinária da menopausa. A atividade sexual aumenta a circulação sanguínea na vagina, o que ajuda a manter os tecidos vaginais saudáveis.
ATROFIA VAGINAL AFETA A VIDA DAS MULHERES
A atrofia vaginal é uma condição que merece atenção e compreensão, pois impacta de maneira significativa a vida sexual das mulheres em diferentes estágios de suas vidas. De acordo com um estudo recente conduzido pelo National Center for Biotechnology Information (NCBI), a atrofia vaginal é uma realidade comum para mulheres de todas as idades, mas é mais prevalente entre aquelas que passaram pela menopausa.
Na pesquisa, foi observado que cerca de 15% das mulheres apresentam sintomas de atrofia vaginal antes da menopausa, enquanto entre 40% a 57% das mulheres na pós-menopausa experimentam os sintomas. A queda acentuada de 95% na produção de estrogênio, durante a menopausa, desempenha um papel crítico nesse processo.
SILÊNCIO E BARREIRAS NA BUSCA POR TRATAMENTO
Surpreendentemente, mesmo diante da relevância desses números, aproximadamente 70% das mulheres que experimentam sintomas de atrofia vaginal evitam discutir o assunto com seus médicos.
A vergonha e a falta de informação são frequentemente citadas como as principais razões para esse silêncio.
Além disso, crenças culturais, religiosas e sociais contribuem para essa relutância em buscar ajuda.
Essa tendência tem como resultado o subdiagnóstico e o subtratamento dessa condição delicada, deixando muitas mulheres sem a assistência necessária.
Os dados apresentados pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) trazem à tona um quadro preocupante quanto ao acesso a cuidados médicos essenciais.
Milhões de brasileiras ainda não tiveram o acompanhamento de um ginecologista, sendo que outras milhões não consultam um há quatro anos ou mais, o que destaca a importância de conscientizar as mulheres sobre a necessidade de cuidados contínuos em saúde reprodutiva.
COMO A ATROFIA VAGINAL AFETA A VIDA SEXUAL
A atrofia vaginal não apenas traz desconforto físico, mas também afeta a vida sexual das mulheres em várias maneiras.
Pesquisas revelam que 62% das mulheres com atrofia genital evitam a intimidade, 58% têm menos atividade sexual, 35% adiam ou evitam a relação sexual e 23% chegam a excluir o sexo de suas vidas, afetando a saúde emocional e os relacionamentos.
A psicoterapeuta holística Carla Maria Rezende Rodrigues, de 61 anos, procurou ajuda médica aos 58 anos após sentir intensas dores durante as relações sexuais.
“Você se sente muito mal com o desconforto e a restrição que impõe nas relações íntimas e se sente anormal”, relembra.
Carla aconselha sobre a importância de buscar informações referentes ao tratamento, de ampliar o autoconhecimento e encontrar um profissional de confiança.
“Procurem conversar, se informar, não se sintam diferentes, incapazes ou infelizes por isso. É possível continuar nossas vidas sexualmente saudáveis e de modo mais pleno”.
OS TRATAMENTOS HORMONAIS E NÃO HORMONAIS

Responsável pelo tratamento de Carla, Alexandra Ongaratto, médica ginecologista endócrina e Diretora Técnica do Centro Clínico Ginecológico do Brasil, o Instituto GRIS, explica que a Terapia Hormonal Local (THL), que utiliza estrogênio na forma de cremes ou anéis vaginais para restaurar os tecidos afetados, e Terapias Não Hormonais, como tratamentos a laser, estimulam a regeneração dos tecidos e são opções eficazes para o tratamento.
“Uma vida sexual ativa, uma dieta saudável e consultas regulares ao ginecologista são componentes cruciais para manter a saúde vaginal e melhorar a qualidade de vida”, enfatiza a médica.
Imagem de topo: Karly Ukav/Freepik
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