Atualizado em: 30 de junho de 2022

Depois da transição, Daniela de Bonis acha seus cabelos brancos lindos. Ela criou um grupo de apoio para milhares de mulheres

Escolher a cor dos cabelos é uma forma de empoderamento das mulheres maduras.

Passar na rua por uma mulher com cabelos grisalhos pode despertar admiração. Ali, segue uma mulher que conseguiu se libertar da “obrigação” de esconder os fios brancos, de esconder a sua idade. Ela não se importa mais com a opinião de todo mundo.

As mulheres que seguem pintando o cabelo, também merecem admiração. Simplesmente porque resolveram assumir a sua preferência, o seu jeito de ser.

As mulheres maduras estão conquistando direitos que não se imaginavam uma geração atrás.

Como esse, tão simples, de escolher a cor do seu cabelo.

Como assumir os cabelos brancos

Em 2016, Daniela De Bonis também começou a questionar a obrigação de pintar os cabelos brancos. Estava cansada da rotina de esconder as raízes cinzas. Por causa do trabalho e dos amigos, era obrigada a manter a aparência.

Quando engravidou de sua primeira filha, Daniela tomou a decisão de deixar os brancos crescerem dando como desculpa a gestação. Deu certo.

Daí, criou um perfil no Facebook para dividir sua experiência com outras mulheres, o Grisalhas Assumidas e em Transição.

A página virou uma comunidade com 126.000 mulheres que também queriam assumir os cabelos brancos.

Isso foi em 2016. Agora, Daniela quer reunir essas mulheres para um grande abraço e programou o 1º Encontro Grisalhas Assumidas e em Transição, no dia 13 de agosto, em São Paulo.

“O objetivo do encontro é dar voz às mulheres maduras. As mulheres acabam seguindo os padrões impostos a elas por uma sociedade super preconceituosa. Pintar o cabelo para esconder os fios brancos é uma das imposições que fazem a elas. Também, queremos chamar a atenção da indústria e da mídia que colocam mulheres jovens com pele maravilhosa para fazer comercial de produtos para pele madura.  As mulheres respondem por 50% do mercado consumidor global mas são invisíveis, suas demandas não são consideradas”.  

Entrevistamos a Daniela para saber como foi a sua transição para os cabelos brancos e como ela conseguiu reunir tantas de mulheres que desejavam a mesma coisa que ela.

A transição mudou a vida de Daniela

Como assumir os cabelos brancos impactou a sua vida?

“Eu tinha uma vergonha imensa do meu cabelo grisalho, pensando em uma aparência que as pessoas queriam ver embora eu já estivesse exausta de pintar o cabelo.

Quando decidi parar de pintar o cabelo foi uma libertação significativa na minha vida. Esse foi o primeiro passo para me desprender de certos padrões sociais.

Por causa disso, meu trabalho também mudou. Eu criei um grupo no Facebook que cresceu e, por causa dele, meu trabalho hoje é totalmente digital. Então, além de mudar minha aparência física mudou também a minha carreira.  

Como foi compartilhar a sua experiência?

“Criei o grupo Grisalhas Assumidas e em Transição em 2016. Ao meu redor não tinha ninguém que estava deixando o cabelo grisalho. Então, eu fui para o mundo virtual para me conectar a outras mulheres porque eu me sentia muito sozinha.

Em 2019, o Facebook, hoje Meta, me convidou para participar de projetos. Hoje, eu sou certificada, faço muitos cursos, conheço bem a plataforma. Acho que, se eu não tivesse ido para o virtual, eu não teria conseguido fazer a transição para os cabelos grisalhos.

Temos 126 mil mulheres na comunidade e 80% delas dizem que só conseguiram concluir a transição por causa do grupo de apoio. É muito legal.”

Como foi a reação das pessoas?

“No trabalho, foi mais difícil. Eu trabalhava em uma multinacional e tinha que seguir o código de vestimenta e aparência do que é esperado dos funcionários. Eu estava planejando engravidar e esperei para fazer a transição durante a gestação para ter uma desculpa para não pintar o cabelo. Em casa foi tranquilo, meu marido super me apoiou. Na rua, como estava grávida, me olhavam mas não comentavam. Depois do nascimento da minha filha, cortei o cabelo ficando totalmente branco e todos elogiaram o resultado”.

Os cabelos brancos abriram novas oportunidade?

“Não existiam produtos para os cabelos grisalhos, usávamos os produtos feitos para as loiras. Acontece que o cabelo descolorido é diferente do grisalho. O descolorido é manipulado e o grisalho é branco porque perdeu a melanina.

Junto com a DKA Cosméticos fizemos uma pesquisa com as mulheres do grupo para saber quais eram as suas necessidades. Em resumo, elas reclamaram que os matizadores eram muito pigmentados e deixavam o cabelo roxo e que ressecavam o cabelo. Daí, a empresa criou fórmulas apropriadas para os cabelos brancos. Surgiu a linha Intimate Gray com shampoo, máscara matizadora, condicionador e sérum finalizador com protetor térmico. Agora, vamos ampliar a linha com novos produtos.”

Pelo quê as mulheres maduras ainda têm que mudar?

“Tem muita luta pela frente, vivemos numa sociedade extremamente preconceituosa. E as próprias mulheres são as precursoras desse preconceito. Durante a minha transição e depois, poucos homens comentaram sobre meu cabelo.

Meu gestor foi o único homem que comentou sobre meu cabelo branco. Na volta ao trabalho, ele disse que eu tinha que pintar o cabelo e eu falei que não ia pintar. Mas, fui ao salão, cortei o cabelo e no dia seguinte ele disse: “ficou ótimo”. Na verdade, o que estava chocando era a transição.

Agora, as mulheres dizem que você está desleixada, que você está envelhecida… as mulheres precisam mudar a forma como elas se enxergam e como enxergam o mundo.”

O que você acha de você hoje?

“Estou super bem com o meu corpo e com a minha aparência. Tenho orgulho do meu cabelo, acho ele lindo, a cor natural do meu cabelo é a mais linda do mundo. Eu não preciso aparentar 20 anos, estou feliz na aparência dos meus 43 anos. O cabelo grisalho é uma vitória, uma conquista numa sociedade preconceituosa que cultua tão fortemente a juventude eterna.”

Foto de topo: Divulgação

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